12 junho, 2010

Futebol é bola na rede

A foto é atual, mas a historinha longeva. Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
Não trouxemos o caneco, foi o ano em que a Itália abateu nossos canarinhos com um só tiro Rossi. Mas o episódio que vou contar rendeu muita risada. Se a memória continua boa, foi no primeiro jogo do Brasil que a coisa se deu. Turma reunida no bem-decorado apartamento de um dos bolinhas da turma, avenida São Luís, centrão nobre de Sampa.
Copa sem bolão não é Copa. Quem tirasse o autor do primeiro gol, papava a grana. Papeizinhos distribuídos, a sorte não agradou ao ex-famoso modelo masculino, acompanhado da também modelo e namorada.
Fez um rosário de reclamações, havia tirado "o jogador mais perna-de-pau, o Dirceu".
"Não sei o que esse cara tá fazendo lá, não devia nem ter sido escalado", repetia.
Tam-tam-tam. Começa a partida, a bola rola e não demora a surgir o primeiro gol do Brasil.
Artilheiro? O perna-de-pau.
O "reclamão", erguendo os braços, deu um pulo que quase foi parar no teto. No meio da alegria geral, um brado mais alto que o de D. Pedro no Ipiranga se ouviu :
"Ê Dirceu, cracão de bola!

04 junho, 2010

Bela, a feia: ao final, linda

Não a assisti todinha, infelizmente. Na sua hora de exibição costumo dar umas treinadas gastronômicas. Mas minha irmã me punha a par dessa adaptação de Gisele Joras, novela Record de maior sucesso entre as crianças, dizem os experts. Apontam as cores vivas e alegres como o "pirulito" que as atraiu.
A elevada audiência - 25% - foi feita também de "velhinhos", só aqui somos duas. Envolveu geral. O "patinho feio" que vira cisne é tema antigo mas sempre sedutor. Remete à fada com seu condão, fazendo a felicidade geral e dando ao mal o lugar merecido.
Acertada mesmo foi a escolha do elenco. A mexicana-brasileira Gisele Itié deve levar prêmio como melhor atriz, do contrário é marmelada. Achou até uma risada horrorosa, bem própria ao estereótipo da feia e desengonçada Bela do primeiro tempo.
Os atores - muitos deles ex-globais - esbanjaram talento. Falo aqui apenas da fada e da bruxa, Simone Spoladore - um pouco caricaturesca na sua interpretação mas deve ter agradado à petizada. O mal já é tão feio em sua essência, dar-lhe contornos mais graves pesaria demais. Talvez por isso, a vilania e o cômico estiveram de mãos dadas. A leveza da malvada Verônica combinou com seu destino: virou uma Xuxa paraguaia, adorada por los pequenitos mas nos bastidores mostra desprezo e até nojo da galerinha (o que será que as apresentadoras mirins acharam disso?).
Se houve um final melhor em novelas, lembranças em minha cuca não ficaram. Elas se despedem deixando uma sensação de que deveria ter sido diferente, de que faltou alguma coisa ou o capítulo foi gravado às pressas. Bela, não. Os personagens deram as caras, não sairam à francesa. Em dança estilo Carlitos chapliniano, os principais atores encerram a história da feia que veio embelezar a telinha dos telespectadores que, como eu, não andam curtindo nadica as maçantes novelas "campeãs"- ultimamente com cheiro de mofo e gosto de ranço.